
A malandragem é uma característica marcante da cultura brasileira, e é frequentemente associada a uma figura folclórica que encarna a malícia, a astúcia e a irreverência. Esses malandros têm como principal característica de identificação a malandragem, o amor pela noite, pela música, pelo jogo, pela boemia e uma atração pelas mulheres, principalmente pelas prostitutas e mulheres da noite. No entanto, a figura do malandro se manifesta de maneiras distintas em diferentes regiões do Brasil, refletindo a diversidade cultural do país.
No estado de Pernambuco, por exemplo, o malandro dança o coco, o xaxado e passa a noite inteira no forró. Já no Rio de Janeiro, ele vive na Lapa, gosta de samba e passa suas noites na gafieira. Essas atitudes regionais distintas marcam a figura do malandro e demonstram como ele se adapta às particularidades locais.
No Rio de Janeiro, o malandro se aproximou do arquétipo do antigo malandro da Lapa, que é frequentemente retratado em histórias, músicas e peças de teatro. Alguns malandros, quando se manifestam, se vestem a caráter, usando terno e gravata brancos. No entanto, a maioria deles prefere roupas leves, camisas de seda, justificando o gosto com o ditado popular: "a seda, a navalha não corta". Eles também são conhecidos por carregar navalhas no bolso, que usam em brigas ou durante a prática da capoeira. Muitas vezes, eles guardam a navalha entre os dedos do pé para atingir o inimigo. Os malandros são conhecidos por suas habilidades de dança e seu gosto pela boemia, frequentemente usando chapéus ao estilo Panamá.
Os malandros têm uma capacidade espiritual notável para lidar com uma variedade de situações. Eles podem curar, desamarrar, desmanchar problemas e também proteger e abrir caminhos. Além disso, eles geralmente têm muitos amigos entre aqueles que os visitam em suas sessões ou festas.
É importante notar que existem manifestações femininas da malandragem, como Maria Navalha, que compartilham características semelhantes aos malandros masculinos. Elas dançam, sambam, bebem e fumam de maneira semelhante, mas sempre demonstram feminilidade, vaidade e um gosto por presentes bonitos e flores, especialmente as vermelhas.
Embora a malandragem seja frequentemente associada a Exu na Umbanda, os malandros não são Exus. A confusão ocorre porque, quando não são homenageados em festas ou sessões específicas, eles se manifestam tranquilamente nas sessões de Exu e parecem ser uma parte dessa linha espiritual. No entanto, os malandros são espíritos em evolução que podem, se desejarem, se tornar Exus após um determinado tempo, mas desde o início, eles trabalham dentro da linha dos Exus.
Os malandros são conhecidos por sua simplicidade, amizade, lealdade e autenticidade. Eles são mestres em identificar falsidades e não hesitam em desmascarar aqueles que tentam enganá-los. Apesar de sua imagem de malandro, jogador e arruaceiro, eles detestam ver os mais fracos sendo maltratados.
Na Umbanda, os malandros se encaixam na linha dos Exus e têm uma vestimenta tradicional que inclui calça branca, sapato branco (ou branco e vermelho), terno branco, gravata vermelha, chapéu branco com uma fita vermelha ou chapéu de palha, e uma bengala.
Os malandros adoram ser agradados com presentes, festas e roupas completas, sendo extremamente vaidosos. Eles são conhecidos por sua natureza brincalhona, amor pela dança e pela presença de mulheres, além de sua habilidade de elogiá-las.
Outra característica notável dos malandros é sua capacidade de ficar sério e observador em certos momentos, sem perder suas características essenciais. Eles podem até mudar sua aparência, pedindo roupas diferentes, como ternos pretos, calças e sapatos pretos, gravata vermelha e até cartolas ou capas pretas.
A presença dos malandros é forte em locais como subidas de morros, esquinas, encruzilhadas e até cemitérios, pois eles trabalham com as almas, semelhante à linha dos pretos velhos e Exus. Sua imagem frequentemente fica na porta de entrada dos terreiros, onde desempenham o papel de guardiões das entradas.
Os pontos de força dos malandros estão nas guias que usam, que podem ser feitas de diversos materiais, incluindo coquinhos com olho de Exu, e apresentam cores como vermelho e preto, vermelho e branco ou preto e branco.
É importante ressaltar que os malandros espirituais não são figuras marginais do além, como algumas pessoas supõem. São espíritos amigos que se dedicam à caridade espiritual e material, promovendo o respeito pelo ser humano, a tolerância religiosa, a humildade, o amor ao próximo e o auxílio aos mais necessitados, incluindo crianças e idosos. Eles também combatem as trevas e desfazem feitiços e magias.
NOMES DE ALGUNS MALANDROS E MALANDRAS:
- Zé Pilintra
- Zé Malandro
- Zé do Coco
- Zé da Luz
- Zé de Légua
- Zé Moreno
- Zé Pereira
- Zé Pretinho
- Malandrinho
- Camisa Listrada
- 7 Navalhadas
- Maria do Cais
- Maria Navalha
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